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quarta-feira, 18 de março de 2009

Desejo, Memória, Morte. 21/06/2008


De noite chegou o Desejo, ele me fez companhia.
Assim como não se quer nada, me fez sentir impotente.
E dormiu comigo por um tempo.
Abraçamos-nos, e no frio da madrugada no esquentamos.
E foi tão bom estar ali
Eu senti a felicidade, e eu pensei que era o inicio, porém era a felicidade.
Aquele Desejo tomou conta de mim, me fez tornar sua escrava.
Beijou-me envolvente e verdadeiramente.
Fez-me delirar, perder os sentidos.
Seduziu-me completamente, me tornando frágil.
E dormimos juntinhos, quase nos tornamos um só.
E ele se tornou meu príncipe, meu dono.
E foi-se ao amanhecer, como o breve pousar da borboleta, que depois voou...

E tudo que restaram foram as Memórias, daquele ser magnífico, Daquele que eu não poderia chamar de pessoa.
Memórias felizes, divinas.
Que me acompanharam durante todo o tempo, me fazendo sorrir, me lembrando mais do amor existente em mim.
Senti-me livre, especial, querida.
A Memória daquele momento me fez sentir quase que um novo ser.
Manhã sorrida, manhã cantada, manhã bem vivida aproveitada.
Com a doce Memória daquela noite de Desejo.

Ao entardecer, me refugiei no meu lugar em particular
Para ver as ondas, para ver o belo, sentir a brisa passar.
Eu vi embarcações vindo e indo, e aquela grandiosa paisagem das misturas de cores entre o azulado do céu e o raio dourado do sol.
Como uma despedida, o “barquinho” avança em meia aquela gigante imensidão.
E só o que resta é um vazio, uma solidão.
E as vozes vêm pra me atormentar.
Esquece as Memórias, e o Desejo me apresenta um novo amigo.
E ela está ali, somos velhas conhecidas, sentou ao meu lado, e seguramos a mão selando nosso reencontro.
Reconforta-me e ficamos a observar aquele belo entardecer, unidas infinitamente.
Ela me fez sentir o gosto amargo do sangue, e aquela conhecida sensação.
A melancolia, e ela está lá pra me servir de consolo.
Do medo, da perda, do esquecimento, do desaparecimento.
Nossa velha amizade enxuga as lágrimas que caem no meu rosto.
E eu observo aquilo tudo lá embaixo, me decidindo o próximo ato.
E eu olho atentamente pra profundeza daquela banheira gigante
Levanto-me e antes de retornar ao que me espera, com uma pequena lágrima permanente em meu rosto como se eu soubesse o que viria acontecer, dou Adeus a minha amiga.
Aquela q me acompanhou durante toda a jornada e eu não percebia. A Morte.

Nara Ferreira
21 de Junho de 2008

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