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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sonhos obscenos





Notório saber que desejo seu toque
A cumplicidade inexistente nos nossos corpos nus
Na reluta em nos separarmos
Enquanto as frias manhãs me consomem
Sorvendo os resquícios do prazer avassalador
Que me tomou de tal modo nos braços
Ofegante, aos delírios
Somado pela fúria selvagem da língua molhada
Percorrendo uma ínfima parte
Dos meus rosados e opacos lábios.
Perturbando o silêncio do dia
Causando tumultos entre os meros figurantes do louco embalo
Uma dança ritmada no tocar a pele desnuda
Do belo membro rígido, másculo, desenfreado.
Capaz de abraçar o mundo afogá-lo no imenso orgasmo de sonhos transpassados
Figuras absurdas de um prazer imaculado.
Enlouquecendo-me gradualmente
Noite após noite, enquanto percorro em sonhos os caminhos do nosso passado.

Nara Ferreira
Cotijuba-Pa, 14 de Março de 2011

No palco errado




Quando penso estar tudo certo,
O quebra-cabeça montado passo a passo.
Atitudes errôneas afastam,
Estilhaçam o ultimo fragmento da alma.

Repartem calma e sorrateiramente
Insignificantes retalhos abandonados,
Que sucumbem aos meus apegos,
Sobrevêm aos meus aflitivos desastres.

O orvalho do meu desassossego,
Sorvido aos gostos amargos,
No inverno me tremem os nervos,
Afogando meus braços cansados.

Infeliz final do conto de fadas,
Badala os sinos, o fim da jornada.
Cortinas fecham, um público contrariado.
E os atores encerram, voltam a ser personagens na estrada.

Nara Ferreira
Cotijuba-Pa, 14 de Março de 2011

Imoral





Nas preliminares da sedução,
Entrelaço de beijos e abraços.
Escondidos, culpados, furtivos.
Obscenos amantes enamorados
Sopram por dentro paixões que incendeiam a carne.
Sucumbindo ao prazer sombrio e eloqüente.
Enquanto gozos de alegria jorram pelos lábios encharcados.

Lampejos de felicidades inebriantes.
Flutuam por ondas dançantes ritmadas
No doce embalo do prazer
No ápice do orgasmo
Que pelas frestas são ouvidos ao acaso.
Gemidos, gritos, loucuras inebriantes
Entoando adequada e maliciosamente
Na madrugada da sedução casual
Num leito transbordante de delicias fantasias
Sussurradas entre amantes com tal cumplicidade
Sorvendo os últimos segundos antes do momento final.

O galo entoa seu canto
Lençóis retirados revelam os corpos molhados
Na insistente procura de suas intimas peças no escuro do quarto.
Os dois já vestidos, limpos, recuperados.
Despedem-se sem promessas ou paixões declaradas
O silêncio pairando no caminho de volta pra casa.

Fim...
Ou começo de uma relação imoralizada.

Nara Ferreira
Cotijuba-Pa, 12 de Março de 2011

Ser pra Viver





 Eu sou o Nada,
O vazio
O obscuro.

A janela fechada,
As ondas paradas
Um tronco oco.

A insanidade perdida,
As estrelas caídas
Um sonho já morto.

O labirinto sem saída,
A tempestade caída,
O dia sem vida
Um sol sem calor.

Sou um fantasma invertido,
Sou reflexo do vazio
Sou um jardim sem cor.

Sou uma constante assimetria
Uma inexistência complexa
Eu sou... E não sou.

Eu sou o que muitos querem ser.
E não sou o que poderia ser.

Nara Ferreira
Cotijuba-Pa, 5 de Março de 2011

Caminhos para viver




Por onde meus pés caminham,
Há somente trajetórias constantes,
Um tal de amigos e amantes,
Ou talvez, apenas passos errantes.

Donde a rotina aferiu meu corpo.
Não observo o caminho.
Pelos quais meus pés cansados.
Já se acostumaram, percorrem sem brilho.

Nesse retiro psicótico de aliviar a alma.
Descomplico resguardos profundos.
Amadureço entre passos descalços.
Chuva após chuva, entre alamedas escuras.

A demora, as longas horas percorridas.
Ruas sem volta, mais que calmaria!
Algemam-me com torturas  requeridas,
Ferindo-me os ossos já fracos,
Cansados dessa caminhada: e aos pequenos passos, da vida.

Nara Ferreira
Cotijuba-Pa,  5 de Março de 2011